Durante abordagem, a doutora em psicologia citou os desafios da profissão diante do cenário nacional
O III Congresso Catarinense de Psicologia Ciência e Profissão retomou as atividades na sexta-feira, 31 de agosto, com a conferência da doutora em Psicologia Social pela PUC-SP, Elisa Zaneratto Rosa. A ex-presidenta do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo (CRP-SP), debateu os Conceitos e Ferramentas necessárias para o exercício profissional em diversos contextos. Ela destacou a necessidade de se fazer uma potente indagação aos conceitos do fazer profissional, pensando sobre os problemas e as críticas que enfrentamos hoje na profissão. O questionamento principal ficou em torno de: "Que saídas temos produzido para desatar os "nós críticos" da Psicologia?".
A palestrante apresentou a história da Psicologia no Brasil e o eurocentrismo como forma de crítica. Elisa ainda provocou reflexões acerca das perspectivas produzidas para a Psicologia como ciência e profissão. “Comemoramos 56 anos, mas o que vemos na lei é uma concepção de psicologia privativa e eugenista", disse. Segundo Zaneratto, as críticas precisam ser feitas a partir de três questões: a Psicologia trabalha sobretudo com referenciais norte-centrados, ou seja, grande parte das teorias são eurocêntricas e nós compreendemos o indivíduo a partir disso; outro ponto é a constituição e organização da própria profissão na sociedade brasileira, que trabalha com um projeto de padronização/normalidade e higienização inatingível. A terceira e última é "como superar uma noção de um indivíduo que se explica por si mesmo e não por uma perspectiva do local onde está inserido?".
Durante abordagem, a psicóloga citou os desafios da profissão diante do cenário nacional, e destacou que uma sequência de ações deram visibilidade para a Psicologia que hoje é uma das profissões que mais cresce no país. “A imagem social da profissão se faz através do que o profissional produz. O que estamos produzindo como Psicólogas(os) brasileiros?", indagou.
Para finalizar, Zaneratto destaca que, para construirmos uma Psicologia crítica, é necessário superarmos a concepção dicotômica da relação indivíduo e sociedade. Desta forma, torna-se imprescindível apreender a respeito do território, da história do Brasil, das desigualdades sociais, pensando não a partir do indivíduo, mas sim, a partir do contexto no qual ele se insere.
A conferência de Elisa Zaneratto em breve será disponibilizada no canal do Youtube do CRP-SC.