Oficinas e Minicursos - III Congresso Ciência e Profissão
MINICURSOS
Planejamento de carreira de psicólogas/os catarinenses: aspectos teórico-práticos
Marcos Henrique Antunes – Psicólogo, conselheiro do CRP-12, mestre em Psicologia/ UFSC
Dulce Helena Penna Soares – Psicóloga, Doutora em Psicologia Clínica pela Universidade Louis Pasteur/França
Silvio Serafim – Psicólogo, Doutor em Educação/ USP
Vanderlei Brasil – Psicólogo, Especialista em História/ UFSC
Devido às mudanças históricas, políticas e socioeconômicas, o mundo do trabalho está cada vez mais heterogêneo e complexo, sendo que a inserção e a manutenção no mercado de trabalho desafiam às/aos profissionais das mais diferentes áreas de conhecimento, dentre as quais está a Psicologia. Nessa medida, considera-se imprescindível analisar criticamente os modos pelos quais as/os estudantes e profissionais da Psicologia tem percebido possibilidades de construção de sua carreira. Com base no que precede, este minicurso tem como objetivo: problematizar o planejamento de carreira de psicólogas/os catarinenses, oferecendo subsídios teórico-práticos que favoreçam o reconhecimento da importância das escolhas efetivadas ao longo da trajetória profissional. Pretende-se debater aspectos da conjuntura contemporânea nacional e estadual, analisando como tais questões influenciam desde os processos formativos de psicólogas/os, assim como o seu planejamento de carreira, de forma a considerar devidamente as diversas definições que são tomadas ao longo da vida laboral. Dentre os assuntos a serem tratados, destaca-se: identidade profissional, sentidos e significados do trabalho na vida humana, interesses profissionais, áreas de atuação na psicologia e instrumentalização para a busca de oportunidades profissionais. Em termos metodológicos, o minicurso buscará privilegiar a inter-relação entre reflexão e prática, visando a auto-implicação, o engajamento e a dinamicidade do debate, uma vez que o tema a ser abordado configura-se como pauta emergente e favorecedora do desenvolvimento e consolidação de uma psicologia sustentada na tese do compromisso social. Portanto, espera-se que, após integrar essa atividade, as/os participantes possam contar com um nível considerável de informações que lhes possibilite identificar os distintos processos que englobam a atuação profissional na/em Psicologia - enquanto ciência e profissão -, observando com criticidade técnica, teórica e ética a sua integração e participação no mundo do trabalho, com vistas à efetivar escolhas conscientes e, consequentemente, prestar de serviços de qualidade à população.
Alisson de Abreu, graduação em Psicologia pela UFSC
O minicurso propõe a discussão do que é o ato analítico e suas relações com outros conceitos freudianos.
A arte psicanalítica opera através da fala e é por ela que o sujeito se depara com a verdade do inconsciente. Por ter este aspecto linguajeiro, é através da fala que o ato psicanalítico ocorre, ou ainda, em termos mais comuns ao campo da psicologia, que a intervenção acontece. Por ser subversiva, a psicanálise não encontra justificativas para si própria, assim como o determinante de sua ética – o desejo – não as tem. Colocar estes aspectos acima citados nos leva a posicionar o ato analítico em seu real âmbito; única maneira de assim, por consequência secundária, uma crítica teórica do que seja o ato analítico acontecer. Sabendo que a cura é um epifenômeno, que o analista, em correlação à regra fundamental dada ao analisante, tem a atenção flutuante, o ato analítico se realiza contra o horror ao ato sem garantias de que surja o horror do ato. Todos estes conceitos giram em torno do tema desta minicurso e promovem o surgimento do ato analítico em análise.
Número de vagas: 40
Carga Horária: 4 horas
Posicionamento ético-político da psicologia diante de interpelações (cis)normativas
GT Gênero e Sexualidades – Conselho Regional de Psicologia de Santa Catarina (12ª Região)
Ematuir Teles de Sousa. Psicólogo Conselheiro do CRP-12. Msc. em Psicologia/ UFSC
Daniel Kerry, Psicólogo, doutor em Psicologia/ UFSC
Marília dos Santos Amaral. Psicóloga, doutora em Psicologia/ UFSC
O objetivo deste minicurso é problematizar o compromisso ético-político da Psicologia diante da produção histórica de categorias patologizadoras e excludentes que marginalizam pessoas travestis e trans. Este debate se justifica considerando o cenário atual em que profissionais da psicologia estão sendo convocadas(os) a ocuparem um lugar de prescrição e normalização das travestilidades e transexualidades. Pretendemos então situar como o exercício da psicologia pode possibilitar a construção de espaços de resistência aos processos de patologização que envolvem as experiências das pessoas trans e travestis, no Brasil. Atualmente a psicologia tem buscado problematizar e atuar a favor da despatologização das travestilidades e transexualidades, marcando um posicionamento contrário às perspectivas psiquiátricas que considera as pessoas travestis e trans como doentes mentais. Pois, o discurso que toma o binarismo homem e mulher, macho e fêmea como única forma de compreensão do campo de gênero, nada mais é que a regulação do poder que naturaliza e instaura a cisheteronormatividade como condição inerente à vida, e, portanto, à existência dos corpos, gêneros e desejos. Neste sentido, ações como este minicurso visam orientar e fomentar o engajamento das(os) psicólogas(os) para uma atuação em direitos humanos de modo ético e político, especificamente no que se refere à despatologização das experiências travestis e trans. Pretendemos fazer isso, considerando uma perspectiva crítica e social dos diferentes vetores de opressão vivenciados por esta parcela da população brasileira, trazendo ao debate os aspectos históricos e políticos que possibilitaram a produção de discursos biomédico/psiquiátricos, jurídicos e psis que contribuem, reforçam e fazem a manutenção da patologização.
Número de vagas: 80
Carga Horária: 3 horas
Escuta de gênero: Sofrimento Ético-Político e as Violências Naturalizadas
Instituto Granzotto de Psicologia Clínica Gestáltica
Rosane Lorena Granzotto,especialista em Psicologia Clínica, mestre em Filosofia/ UFSC
Trata este minicurso de uma reflexão teórica sobre a escuta de gênero, mais especificamente a escuta do sofrimento das mulheres. Partimos da ideia de que a escuta de gênero é aquela que considera as particularidades do que é ser mulher em uma sociedade majoritariamente machista e que reconheça que as causas desse sofrimento são, na maioria das vezes, violências historicamente naturalizadas e invisibilizadas. Nominamos este sofrimento de gênero (o sofrimento por ser mulher) de sofrimento ético-político, aquele sofrimento produzido a partir da impossibilidade de construir representações sociais dignas e empoderadas ou ainda a destruição ou perda destas representações pela exposição à violência física e psicológica, aparecendo na clínica muitas vezes como depressão e ansiedade. A escuta de gênero é uma escuta diferenciada na clínica, pois mais além dos conflitos intrapsíquicos está atenta à produção do sofrimento gerado pelas diversas formas de violência física e psicológica que as relações de poder estabelecem e às quais a mulher está submetida, não por inibições neuróticas mas pelos imperativos coercitivos impostos a ela pelo meio social. Pensar esse sofrimento pelo viés de gênero é politizar esse sofrimento. Isto significa trazer o contexto social e entender este sofrimento não como patologia, mas como uma resposta possível: ajustamento de inclusão, pedido de socorro. Desta forma podemos chegar à uma consciência de gênero colocando essas mulheres em um lugar político e social em que elas conseguem perceber as opressões, lidar com elas e a partir dessa percepção começar seu processo de empoderamento.
Número de vagas: 80
Carga Horária: 2 horas
“Nunca me sonharam”: Contextos Socioculturais, Práticas De Exclusão e os Corpos Estigmatizados
Simone Vieira de Souza, Psicóloga, conselheira do CRP-12, doutora em Educação/ UFSC
Eliz Marine Wiggers – Psicóloga, Mestre em Psicologia
Joseane de Oliveira Luz – Psicóloga, conselheira do CRP-12, especialista em Avaliação Psicológica
Tatiane Cristine Silva – Psicóloga, conselheira do CRP-12, especialista em Psicologia e Práticas Clínicas
A atual conjuntura política no Brasil tem colocado inúmeros desafios ao compromisso da psicologia com a garantia do direito à educação. Temos vivido tempos de exceção nas políticas educacionais, que se expressam, por exemplo, no congelamento nos investimentos em educação pelos próximos 20 anos e na aprovação, em vários sistemas de ensino municipais e estaduais, de projetos que amordaçam as escolas, tal como o “escola sem partido”. Neste contexto, é preocupante também o efeito da Reforma do Ensino Médio na escolarização e nos projetos de futuro da juventude, bem como a crescente medicalização de crianças e adolescentes nas escolas, onde questões educacionais e coletivas têm sido abordadas como de ordem orgânica e individual. Compreendemos que o direito de todas(os) à uma educação pública, gratuita e de qualidade está em risco, exigindo práticas de resistência das(os) profissionais da psicologia que atuam no campo escolar e educacional. Propomos um espaço de debate com psicólogas(os), estudantes e outros atores de movimentos sociais a fim de dialogarmos sobre os principais desafios enfrentados no campo das políticas educacionais e sobre a construção coletiva de resistências possíveis a partir de cada contexto de atuação.
Número de vagas: 80
Carga Horária: 3 horas
A Psicologia Humanista na Promoção da Realização Humana
Espaço Viver Psicologia
Anita Bacellar, Psicóloga Especialista em Psicologia Clínica, Mestre em Educação/ UNISUL-SC
A Psicologia Humanista, através das contribuições da Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) tem demonstrado a sua capacidade de facilitar o desenvolvimento das potencialidades humanas e, com isso, tem contribuído com a superação de inúmeras dificuldades psicológicas, sociais e desafios oriundos da crise econômica e ética que assola a humanidade na complexidade do atual período. Nesse contexto, o presente Minicurso tem como proposta contextualizar a Psicologia Humanista na Promoção da Realização Humana, apresentando o conceito de Tendência à Realização, a dinâmica do funcionamento da personalidade, as atitudes facilitadoras do desenvolvimento humano e as contribuições da Psicologia Humanista para os processos de saúde coletiva e efetivação das políticas de humanização desses processos, assim como para a promoção de direitos humanos. Para tal, será utilizado como recurso exposição verbal dialogada e facilitação de reflexões e discussões em grupo, visando despertar o potencial humano dos participantes, como agentes em potencial da transformação da realidade social e que estão inseridos.
Número de vagas: 80
Carga Horária: 4 horas
OFICINAS
Diretrizes Curriculares Nacionais: Desafios e Possibilidades para a Formação de Psicóloga(o)s
Associação Brasileira de Ensino de Psicologia – ABEP/ Núcleo de SC
Luciana Machado Schmidt, Psicóloga, doutora em Psicologia e doutoranda em Gestão do Conhecimento
Eliz Marine Wiggers, Psicóloga, mestre em Psicologia
A presente oficina tem o intuito de contextualizar a necessidade de alteração das Diretrizes Curriculares Nacionais - DCNs para os Cursos de Graduação em Psicologia a partir de documentos construídos no âmbito do Conselho Nacional de Saúde e da Associação Brasileira de Ensino de Psicologia. Além desta contextualização, busca refletir que desafios podem ser apontados no cenário da formação de psicóloga(o)s no país, considerando que a formação é complexa e pode ser situada no contexto das áreas das ciências sociais, das ciências humanas e, ao mesmo tempo, das ciências da saúde. Nesta oficina também se pretende dialogar sobre os desafios e as possibilidades do ensino de questões étnico-raciais, daquelas relativas a gênero, bem como do ensino em modalidade à distância em Psicologia. Estes temas são tratados à luz das discussões democráticas realizadas no Brasil em prol da alteração das DCNs em Psicologia, processo que tem envolvido atores responsáveis pela formação do(a) psicólogo(a) brasileiro(a). A metodologia será participativa, com grupos de trabalho e dinâmicas de grupo, bem como apresentações expositivo-dialogadas. A presente oficina tem relevância social e acadêmica, ao tratar de questões atuais e que ainda demandam ampla discussão pública, em prol de uma formação crítica em psicologia.
Número de vagas: 60
Carga Horária: 3 horas
Psicologia e o enfrentamento as práticas fascistas e discursos de ódio na conjuntura
Yara Maria Moreira de Faria Hornke, Psicóloga, Msc.
Ematuir Teles de Sousa. Psicólogo, Conselheiro do CRP-12, Msc.
Nasser Haidar Barbosa, PsicólogoConselheiro do CRP-12,Msc.
É inegável o lugar que Psicologia ocupa na defesa e na garantia de direitos humanos fundamentais, principalmente quando consideramos questões de ordem estruturais da nossa sociedade, tais como: o racismo, a violência de gênero, a LGBTfobia, o preconceito, a discriminação e a desigualdade social. Urge problematizarmos as condições históricas, culturais, simbólicas e materiais, que produzem certo ideal de humanidade e se reflete numa seletividade onde alguns são dignos de direitos e outros não. Neste cenário, psicólogas e psicólogos, respaldadas(os) no seu código de ética profissional, possuem o dever de não reiterar processos de exclusão e práticas de violência. A prática da psicologia assume como direção o compromisso ético-político com transformações sociais, onde a vida digna para todas e todos seja uma garantia e se mantenha como um direito. Ou seja, atua com responsabilidade social, analisando crítica e historicamente a realidade política, econômica, social e cultural, denunciando e intervindo sobre as formas de violação de direitos. Nesse sentido, esta oficina objetiva problematizar o lugar que a Psicologia ocupa frente as esferas da violência cotidiana e dos discursos de ódio que tem sido perpetrado contra determinadas populações no nossa país.
Número de vagas: 30
Carga Horária: 3 horas
Plantão Psicológico na Prática da Psicologia Humanista
Espaço Viver Psicologia
Maira de Souza Flôr, Psicóloga Especialista em Psicologia Clínica
Doralina Enge arcon, Psicóloga Especialista em Psicologia Clínica
A Psicologia têm se expandido do contexto clínico tradicional e adentrado outros campos de atuação, com ênfase no trabalho em prol de mudanças sociais, que promovam direitos humanos e desenvolvimento. Essas transformações estão em pleno desenvolvimento e são contribuições inegáveis para a Psicologia enquanto ciência e profissão. Neste contexto, o Plantão Psicológico com base na Abordagem Centrada na Pessoa tem sido apontado como um recurso inovador pela sua proposta de resgate da autonomia humana e pela sua adaptabilidade como proposta interventiva em diversas áreas de atuação, inclusive na clínica, onde esta proposta renova perfil tradicional do serviço de psicoterapia de longo prazo, atendendo às urgências psicológicas no momento mais próximo da sua eclosão. Com base nisso, esta oficina tem como objetivo apresentar o serviço de Plantão Psicológico, buscando atingir os seguintes objetivos específicos: apresentar a base teórico-metodológica do Plantão Psicológico na Abordagem Centrada na Pessoa; apresentar as fases do processo de uma consulta de Plantão Psicológico; apresentar as atitudes terapêuticas necessárias para a realização de uma consulta de plantão psicológico. Para tanto, serão utilizados como recurso exposição teórica e discussões críticas sobre os temas apresentados; exercícios em grupo de escuta terapêutica ativa, e exercício de dar e receber feedbacks com base nos princípios da Abordagem Centrada na Pessoa.